sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

E paro sempre pra escrever quando angústias e medos diversos me acometem.
Quando sinto minha sede de mundo maior do que minhas possibilidades.
Quando quero mais do que meus braços alcançam. Mais do que minha mente suporta.
E quando sinto insatisfação com esse mundo e me encho de vontade de mudá-lo. Transformá-lo.
E aí eu paro.
De que me adianta tantos anseios se ainda não aprendi a lidar com a angústia e não aprendi a viver com o medo?
Pra quê tanta sede se ainda sinto o espaço estreito?
Pra quê tentar esticar se meus braços são sempre do mesmo tamanho e minha mente borbulha com tantas vontades?
O que eu faço com a insatisfação se a minha voz ainda não é suficiente para chegar aos que tem poder de mudar a realidade?


Aí então eu corro. E vou pulando de pedra em pedra, de pé em pé.
Disfarço o medo e escondo a angústia no guarda-roupa.
Dou a mão à alguém e meus braços se alongam, crescem e expandem a mente e as possibilidades. 
E assim as transformações acontecem, sempre nesse processo de estagnação e consequente metamorfose.
Sempre com aquele sonho de que um dia todo o mundo vai ser diferente....

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O mundo me surpreende, quase que rotineiramente.
Acontece que às vezes ele me assusta. Me amedronta.
Vejo um lindo bebê chegar ao mundo e fazer brotar sorrisos em todos os rostos ao redor.
Aí então eu viro meu rosto pro outro lado e vejo uma bela mulher madura buscando meios pra sair desse mundo: ela sente falta de quando sua simples presença fazia brotar sorrisos.
É difícil sorrir sem sorrisos.
E ela precisa fugir. Encontra meios pra isso...
e se descontrola.
O limite entre ser são e insano.
Um limite que não existe. A insanidade é apenas algo que todos escondemos, reprimimos.
Essa falta de sanidade só não existe nesse bebê que acabou de chegar. Delicado, ele só procura sobreviver e ser rodeado de amor. Seu mundo é leve com tantos sorrisos ao redor.
O mundo me amedronta, e eu tenho medo de assustar esse bebê.

Sabe, às vezes eu queria que o mundo parasse de me surpreender...

domingo, 10 de julho de 2011

IV

"Dependência.
das pessoas e dos sentimentos
Dependente.
do amor e do sofrimento
Desequilíbrio.
da insanidade e da consciência"


...assim Julia se perdia tentando criar poemas.

quinta-feira, 30 de junho de 2011


Olho ao redor e às vezes não reconheço.
Surgiu uma nova interface no meu velho mundo.
Assusto-me.
Mas simultaneamente, me delicio.
A interface é contemporânea. Aquela contemporaneidade cheia de velhos costumes.
Então eu me arrisco.
Tenho medo. E por vezes me desespero.
Mas eu me arrisco.
Quero sentir as novas cores, experimentar os novos gostos: almejo aumentar o meu arco-íris.

domingo, 15 de maio de 2011

Depois de mais de um mês resolvi abrir esse caderno aqui e escrever.
Deixei o computador de lado e vim pro quarto (claro que isso será digitado e depois será um post do blog, mas no caderno soa mais verdadeiro...)
Sentimentos de revolta me moveram a escrever, mas como sempre meu texto nunca toma o rumo inicial.
Um texto com esse rumo soaria imaturo demais, e eu quero exatamente o oposto disso.
Sou movida a várias ‘subjetividades’. “Eu tenho os meus desejos e planos”, não tão secretos assim. E é por eles que me movimento.
Hoje eles são mais possíveis, e mais fáceis de serem concretizados.
Eu analiso.
Observo.
Imagino.
Anseio...
E vivo com eles em mente, a fim de caminhar ao seu encontro.
Acontece que as pessoas me vêem como sonhadora. Uma boba sonhadora.
Não percebem que já não é assim, parecem não querer enxergar a realidade como ela realmente é no presente. Tentam esconder e disfarçar algumas partes.
Não os julgo. Sei que tem tanto medo quanto eu.
Acontece também que o medo do futuro já não me para, e eu continuo desejando.
Não descarto a possibilidade de frustração, trabalhar e não alcançar o objetivo. Mas ao longo do caminho vou trabalhando a tolerância à essas situações.
Meus desejos são possíveis, e querendo ou não, estão bem próximos. Basta querer enxergar.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Queria ser poeta
Ser belo por ser triste
E não precisar justificar essa tristeza.
Viver a pensar a existência.
E ser belo por isso
Eu queria ser poeta...

domingo, 17 de abril de 2011

Talvez eu seja romântica demais, mas eu gosto de gritar o meu amor pro mundo.
Mesmo que o meu grito sejam as palavras e o mundo os meus textos, o meu blog.
Quando sinto-me feliz tenho necessidade de dizer, mesmo que pra ninguém.
Então eu digo pra ele. Eu olho naqueles olhos, sinto seu cheiro, acaricio e tento dizer palavras que expressem todo o sentimento.
Ainda não aprendi a guardar.
Não cabe em mim.
Felicidade nem tristeza. Amor nem raiva.
Intensa como sou, sentimento algum permanece aqui sem extravasar.
Caracterizar como positivo ou negativo só é possível perante as situações encontradas.
E hoje é positivo.
Hoje faz bem.
Contar que já não cabe em mim o amor.
Olhar esse texto e não me satisfazer, alegar sentir falta de mais poesia.
Pensar no rosto dele e sorrir.
Fico a tentar visualizar o futuro, mas na verdade não consigo. Não o quero saber.
Quero viver os momentos como únicos, e a partir deles definir o nosso futuro.
E mesmo que eu seja taxada de “romântica extremista”, hoje eu só quero dizer que Eu Te Amo, Fê! E que hoje minha felicidade transborda junto do meu amor por você..

sábado, 9 de abril de 2011

VIII

Passamos um tempo sem conversar, ao menos sem aquelas conversas profundas e longas. Julia parecia não ter tempo para elas, ou evitá-las, não sei ao certo. Mas eu aguardei. E hoje ela resolveu sentar-se comigo.
E falou-me.
Julia agora vê sua vida diferente. Ela a sente diferente.
Suas responsabilidades mudaram e aumentaram. Para muitos isso é pouco, mas para ela é fato marcante.
Ela tem estudado sobre identidade, e sua constituição. Tem tido acesso a mentes até então desconhecidas. E isso tem feito com que a sua mente amplie. Ela me contou que tem sentido que isso a tem aproximado de sua identidade. Parece que ela está se encontrando. Ou se perdendo, não sabe ao certo.
Depara-se de frente com algo novo mas ao mesmo tempo já tão íntimo dela.
Às vezes quando olha em volta tem a sensação de que não cabe ali, mas por outras percebe que não poderia estar em outro lugar. E em qualquer desses momentos ela tem vontade da vida, do mundo. Quer viajar, continuar conhecendo mentes que vão além do que ela conhece.
Ela está encantada com o amor, mas está tão receosa deste! Sonha com o futuro mas o mesmo tempo o teme. Tem desejos de mudá-lo, e o medo de não saber/conseguir fazê-lo.
Agora ela se sente diferente.
Não que isso seja novidade para Julia. Constantemente ela percebe alterações em si mesma, acontece apenas que umas são mais marcantes do que as outras.
Ultimamente ela tem se sentido mulher. E na maior parte do tempo ela acredita que isso é bom.
Acontece que em outras ela ainda não sabe ao certo...

sexta-feira, 25 de março de 2011

Não me arrependi de seguir meus desejos. E hoje sinto-me mais forte.
Responsabilidades me dão o gostinho de me sentir madura.
E o compromisso me torna (um pouco mais) segura.
Tenho caminhado com meus próprios pés.
Minhas pernas doem, e a cabeça também. Mas a gratificação faz com que sumam.
E aos poucos vem batendo à porta o gostinho de liberdade.
No momento não tenho medo. Vou pegar nas mãos do meu garoto e sair para saber e sentir o mundo. Vamos juntos descobrir as cores de algum canto desse mundo imenso.
Eu continuo seguindo meus desejos. E crenças. Não ligo de me arriscar.
Hoje tenho vontade de viver o mundo.

quarta-feira, 16 de março de 2011

"...tá tudo padronizado, no nosso coração!..."

"...nosso jeito de amar, não é nosso, não." Karina Buhr sempre acerta nas palavras.
Hoje em dia há padrão até no amor.
Se sentimos, somos obrigados a agir de determinada forma, pois se não agirmos assim logo seremos julgados.
Nos são impostas regras de como falar, o que vestir e por onde andar.
Opiniões/julgamentos de todos os lados.
Mas eu cansei.
Tenho minhas convicções. Minhas crenças e afins. E são só minhas. Ninguém nunca as alcançará a ponto de comprendê-las.
Vem de mim.
O ser humano apenas gosta de dizer-se racional. Entretanto, toda a sua subjetividade lhe tira qualquer razão.
E comigo não há de ser diferente.
Quero guiar-me pelo o que EU acredito.
Meus motivos são só meus. E de mais ninguém.
Minhas fantasias e meus desejos também são só meus. E se por vezes parecerem incompreensíveis ou irreais, não mais perderei meu tempo buscando palavras para traduzí-los ou explicá-los.
Eles são meus.
E aqueles que realmente compreendem, enxergam as respostas nos meus olhos, sem precisar de palavras.
Eu cansei de padrões e imposições.
Deixarei minha vida ser guiada por tudo aquilo em que eu acredito. Cansei de preocupar-me com padrões que diferem das minhas ideias e ideais.
As consequências?! Estas também são minhas, e cabe só a mim saber lidar com elas.

sábado, 5 de março de 2011

Hoje o dia brihou, mesmo que nublado
Hoje acariciei teu rosto. Senti teus olhos e teus lábios.
Hoje cheirei seu cangote. E deslizei minhas mãos pelo teu corpo.
Hoje foram sorrisos.
Sorrisos em ambos os lábios e brilho em todos os olhos.
Hoje o dia foi fácil. E simples.
Hoje caminhamos de mãos dadas. *---*

Senti como se não houvesse tempo.
Ficamos alguns dias longe!? Parece que nem aconteceu.
Hoje a sintonia foi tanta, que pareceu que nada aconteceu.
Hoje a intimidade foi tanta, que fez esquecer as lágrimas daquele outro dia.
Hoje fomos só nós.
Dois diferentes. E ao mesmo tempo um só igual.
Não teve passado nem futuro, hoje foi só presente.

E agora, na hora de dormir, não consigo pensar em outra coisa.
Só sei que hoje o dia brilhou, mesmo que nublado. ♥

quarta-feira, 2 de março de 2011

Da minha cama, o tempo parece lento.
O tic-tac do relógio na parede não pára. Mas há tempos ele não marca a hora certa.
O celular é que guia: ele que indica os minutos passando.
Os minutos estão passando!?
Já faz alguns dias que não os vejo passar, parecem estáticos.
O tic-tac não pára, mas o tempo parece continuar se arrastando, pesado.
Acontece que por vezes o descontrole não resiste, e acaba por tomar conta desse tempo.
Gritos e portas batendo.
Lágrimas.
E logo depois a exaustão, deitada em posição fetal na cama.
Ao olhar o relógio, passaram-se três minutos.
No silêncio do quarto o tempo volta a se arrastar.
Fecho os olhos e finjo sonhar. Enquanto a única coisa que ouço é o tic-tac do pesar do tempo...

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

VII

E o vento fresco que agora batia em teu rosto parecendo tentar acalmá-la, a fez lembrar daquele dia com ventos fortes.

Nesse dia o vento não era fresco. Era frio e cortante. E ao invés de acalmá-la, brigava com ela. O vento frio vinha contrário ao corpo quente devido à força que fazia, pois ela o sentia desprovido de calor.
Olhava para o lado e via os carros passando rápido, correndo. Parecia que todos estavam com pressa. Olhou para o céu e o viu cinza, escuro. E esse tom misturou-se ao vento contra o qual brigava, e ela então resolveu apertar os passos e não diminuí-los. Andar com pressa, assim como iam os carros.
Achava que era a única forma.
Tinha medo de que não conseguisse.
Tudo ao seu redor eram ruídos e barulhos. E só faziam atordoar os pensamentos nos quais ela estava imersa.
Então o céu não resistiu e choveu. Mesmo assim ela não parou, seus passos eram firmes. Ela sabia do seu destino e não pararia enquanto não chegasse a ele.
E ela chegou.
Então os ruídos silenciaram, o vento parou, a chuva passou e os carros passavam em silêncio pelas ruas.
O seu coração pareceu acalmar. Então envolveu-se naqueles braços acolhedores e adormeceu. E nesse momento o único som que ouvia era o palpitar do coração daquele corpo quente, bem embaixo de onde descansava sua cabeça.
...
Ela lembrou desse dia.
E agora, mesmo com ventos frescos batendo em seu rosto, ela sentia que o tempo ainda era feio e que o vento ainda relutava em deixá-la caminhar até o seu destino.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Ela não conseguia.
Buscava palavras. Mas estas lhe faltavam.
As lágrimas nos olhos não lhe deixavam pensar. E o aperto no peito lhe sufocava.
Em sua mente, todas as cenas.
As cenas que já foram.
As cenas que já não são.

E ela ainda não conseguia. As palavras pareciam fugir, esconder-se.
Negavam serem utilizadas para tal fim...

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

VI

Por ansiar muito o futuro, Julia sentia-se decepcionada. Resolveu então dar uma vasculhada em seu passado.
Releu textos seus, antigos. E dos mais diversos.
Então sentiu a mudança.
O progresso.
O avanço.
E sentiu a essência.
Viu-se em cada texto. E enxergou-se da mesma forma que é hoje.
Tudo muda, mas a essência permanece.
Suas crises ainda acontecem. E são sempre fruto das transições, das fases. O que mudou é a forma como Julia as encara agora.
Ainda há insegurança, mas sente-se bem mais madura.
A estrutura de seus textos oscila com as fases. Ela agora sente saber usar as palavras.
Mas muitas coisas continuam: a escasses de títulos, a pontuação alternativa, e a insatisfação com inícios e términos de textos. Acontece que até nesses ela via-se mais madura.
Suas experiências lhe mudaram.
Lhe aprimoraram.
Seu convívio com aquele garoto tem lhe acrescentado muito, tornando-a uma pessoa melhor. E em todos os sentidos que a palavra melhor possa ter.

Agora, Julia enxerga o presente com mais gosto. Com mais prazer.
Olhando "de lá pra cá" ela percebeu a evolução. E o futuro é só questão de continuar caminhando...

[...]

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Pra quê desesperar-me se de uma forma ou de outra tudo flui!?
Tudo escorre e muda.
O amanhã muda o hoje.
E o ontem!? Desse são só lembranças.
[ E aprendizagens.]
Pessoas se contentam com pouco. E vivem felizes. Muitos desconhecem sobre tudo aquilo que almejo. E vivem felizes.
Por que não me satisfaço?
Desde que descobri o significado da palavra estagnação tenho medo de pô-lo em prática. E por mais ironia que pareça, eu sempre a utilizo em meus textos.
Todos me dizem para tentar. E já na primeira corrida eu sou desclassificada. Talvez não tenha treinado o suficiente.
Clichês me irritam. Mas foram eles que me confortaram hoje.
Os clichês e a voz dele.

Meus desejos não desapareceram, andam apenas atordoados, buscando um jeito de ser.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Hoje a vida me forçou.
Já não há mais disputa entre a garota e a mulher.
A vida me forçou a fingir-me mulher.
Escondi a garota debaixo da cama.
E por mais que eu queira, tenho medo de me abaixar para ver como ela está.

domingo, 30 de janeiro de 2011

V

Ela não podia botar a culpa na TPM. Nem no calor daquele dia inteiro.
Resolveu então colocar seu puff roxo na sacada de seu quarto.
Um ar fresco começou a tocar seu corpo. E ela pôde então observar. Via seu quarto de um ângulo diferente.
Passado, presente e futuro se misturavam entre as fotos, pelúcias, enfeites.
Até mesmo aquelas paredes. Eram rosa clarinho, exceto por uma lilás.
Julia lembrou que haviam coisas que só as paredes do seu quarto sabiam. E ela gostava disso, paredes tem ouvidos, mas que tenham boca ela nunca tinha ouvido falar.
Ela via seus anseios de futuro misturados à sua nostalgia. E nesse momento pensou, pela primeira vez, se não seria esse o motivo de boa parte de seus conflitos atuais.
Ela queria ser livre, mas gostava de pertencer a algum lugar. Dizia querer mudar-se para longe, onde só encontraria desconhecidos. Mas diz isso porque sabe que poderia voltar a qualquer momento. E  a qualquer momento, aquelas pessoas, aquelas que ela consegue contar nos dedos das mãos, estariam esperando por ela.
Ela quer encarar as tempestades. Mas receia abandonar o ninho quente e acolhedor.
Ela é intensa. Nos medos e amores.
Hoje, pouco após acordar, chorara. E ao lhe perguntar, Julia não soube explicar o porquê. Soube apenas dizer que sentira. E foi por sentir que chorou.
Ela queria botar a culpa na TPM, mas não podia.
Viu sua foto com ele no mural rosa: sua face é tão doce ao lado dele! *-* E então novamente ela sentiu. Seus olhos encheram de lágrimas. Ela os fechou e foi como se as mãos dele a tocassem. Acalmando-a.
Julia se achava intensa demais.
Continuou a olhar. É, seu quarto ainda era adolescente. E ela ficou com medo de que, quando o ano que vem chegar, ele ainda esteja nessa fase.


[...]

IV ou V ? [19.01]

Palavras organizam sua vida, mas os momentos mágicos, aqueles reais, é que realmente lhe permitem o avanço.
Avanço na vida.
No amor.
Na psiquê.
Os momentos mágicos a tiram do chão. Acompanhando aquele clichê, lhe deixam "nas nuvens".
Mas nem por isso faz com que ela esqueça de encostar os dedinhos no chão. Pelo contrário. Faz com que caminhe mais firme, e com mais segurança.
Lhe dá vontade de seguir em frente. E nunca mais parar.
Ah, os momentos mágicos!
Julia dizia faltarem palavras para descrevê-los. E o último que viveu, ah! julgava ser o melhor de sua vida. Tão intenso! Sincero e verdadeiro como nenhum outro jamais fora.
Carinhos, carícias, beijos, toques de mãos, olhares. Mãos e pernas tocando-se.
Ou simplesmente um corpo tocando levemente o outro enquanto dividem a mesma cama, sonhando.
*-*
Dois dias depois, Julia não conseguia pensar em outra coisa, a não ser naquelas 24 horas mágicas.
Horas que se eternizaram. *-*


[...]

IV [ 14.01]

E essa noite ela queria escrever. Mas não conseguia.


[...]

sábado, 22 de janeiro de 2011

III

Colocou parte do pijama, deitou-se na cama e, como de costume, pôs-se a pensar.

Lembrou da frase: “ às vezes perder o equilíbrio no amor é estar em equilíbrio na vida”. Não sabia se a frase era literalmente essa, mas gostava de acreditar que sim.
Hoje fora insana. Ultrapassara o limite de “perder o equilíbrio”.
Mas depois sentiu-se amada.
Ela descontrolou-se. Com mãos e pernas tremendo freneticamente.
Mas ele não.
Esperou o momento certo e lhe disse as palavras certas.
E Julia sentiu-se amada.
Sentiu encontrar seu lugar naqueles braços.
Braços que eram seus.
E agora mais do que nunca.

Ela sentiu ser necessária a insegurança. Pois só assim construiria uma segurança plena e verdadeira.

Sentiu o cheiro. Impregnado por todo o seu corpo depois daquela noite de amor.
Sorriu. Virou-se para o lado e adormeceu.
E eu posso jurar que ela teve sonhos mágicos.
[ com ele ;D ]

[...]

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

II

Fazia calor. Mas mesmo assim Julia foi até a cozinha e voltou com uma caneca grande cheia de leite com toddy. E estava bem quente.

Aquela tarde entediante rendeu pouco mais de uma folha. E ela não estava satisfeita.
Aproveitou então esta noite.
Esta noite em que sua mente borbulhava.
Tomando daquela caneca enquanto escrevia, sentia-se escritora. E isso era algo forte para ela naquele momento.
O momento era de ideias fervilhando.
Ferviam.
Borbulhavam.
Mas não vazavam. Exceto pelas pontas de seus dedos enquanto segurava a caneta que achou sobre a mesa da sala de tevê.
Ela não queria deixar que vissem. Ao menos não explicitamente.
Temia que não a compreendessem.
Receava que a julgassem.
No fundo, sabia que os motivos eram apenas seus. E que ninguem conseguiria alcançá-los.
Alcançá-los.
Nem mesmo ela conseguia essa proeza.
De seus pensamentos, apenas sabia. Tinha consciência de que eles existiam, mas nunca os alcançava em sua plenitude.
Sabia-os. Mas não em sua totalidade.
E era isso que lhe causava angústia.
Seus pensamentos geravam ideias de atitudes a tomar. Mas em sua maioria, de esquiva.
E ela não queria viver fugindo.
Ao ver-se como escritora, pensou nas cenas dos filmes: escritoras isoladas da família, sem qualquer relacionamento amoroso ou com qualquer outro tipo de afeto. Sabe-se lá porquê.
Mas ela não queria.
Ela sabe que tem necessidade de família, amigos. E de seu namorado.
E essa necessidade também a confunde: necessitar demais lhe torna dependente.
E isso não a ajuda a progredir.

Enquanto fingia-se escritora, fingia acreditar também que a borbulha de seus pensamentos havia cessado.
Fugia da estagnação escondendo-se nas palavras.

[...]

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

I

Ela precisava apenas de folhas pautadas e alguma caneta.
E ela tinha isso.
Existem pessoas que procuram terapeutas. Outras que ligam para os amigos. Há ainda as que comem chocolates ou sorvetes, feito americanos.
Julia também era adepta à essas soluções, mas o que lhe resolvia mesmo eram as palavras. E as combinações que elas possibilitam.
Muitas vezes sentia-se frustrada, pois julgava não saber a hora certa das palavras e por isso excluir a poesia de suas prosas. Quando criança, Julia escreveu uma história sobre “Fadas e Duendes”. Escreveu-a no computador. E quando já com alguns capítulos, insatisfeita, ela a deletou. Disse que a recomeçaria, mas nunca o fez.
E assim ela tem feito com várias outras coisas na sua vida.
Mas ela nunca deixou de escrever.
E sempre desejou criar uma história que virasse livro. Mesmo que não fosse vendida em livrarias, sonhava apenas com uma encadernação que fosse assinada por ela.


E essa tarde com o sol tentando aparecer por entre as nuvens, sentada em frente a tevê sem nada para assistir, a instigou a escrever.
Julia sentia organizar sua vida enquanto a transformava em palavras.
E nessa tarde ela sentia sua mente precisar de organização. E clareza.






[...]