sexta-feira, 31 de outubro de 2008


É que esses dias, enquanto tentava me concentrar em qualquer coisa que passava na televisão, senti o cheiro. Aquele cheiro que não sentia há meses. Aquele que só nós dois sentíamos.
Foi do nada. Por volta dos dias em que achei ter extinguido aquele sentimento. Um sentimento que por vezes já não digo, nem mesmo escrevo. O mesmo que cheguei a dizer que já não sinto.
E o mesmo que, de tempo em tempo, me faz escrever sobre aquele garoto.
Ele era um garoto, até tornar-se homem. Ele era um homem, até perceber que é ainda um garoto.
E essa garota aqui, confundindo-se nos seus estados alternados de menina-mulher, desesperou-se ao ver esse garoto (homem?) longe de ti.
Desesperei-me. Mas já não me encontro nesse desespero. É só o vazio, que volta de acordo com o vento.
O mesmo vento que derrubou meus castelos na areia, aqueles que construí com minhas próprias mãos sob o olhar brilhante e atencioso dele.
E agora tento sentir algum cheiro de novo. Mas o único que sinto é o do cloro da água da piscina que ainda não saiu do meu corpo.
Pelo menos os textos ainda estão na 3ª pessoa, meu auto-controle por vezes funciona.
O sol ainda ta brilhando la fora, vou voltar pra piscina porque ainda não consigo me concentrar na televisão.

sábado, 18 de outubro de 2008

Parágrafo Padrão



Plano de escrita
- assunto: minha personalidade
- delimitação do assunto: como eu vejo minha personalidade
- objetivo: apresentar algumas características da minha personalidade
- público-alvo: leitores do meu blog ou curiosos apenas
- tipo de linguagem predominante: definição ou conceituação; causa e conseqüência; comparação ou confronto; analogia; ordenação temporal

Tópico frasal Eu sou uma garota com nem 18 anos, com uma personalidade difícil de se descrever. Desenvolvimento Apresento-me como estressada e por conseguinte grossa. Enquanto em contraste atenciosa e compreensiva. Caracterizo-me pela afetividade que transbordo, e também machuco-me pela mesma. Semelhante a uma criança, sou divertida, engraçada e bem alegre. Da mesma maneira sou frágil e insegura, como essa mesma criança. Ontem buscava a Terra do Nunca, atualmente junto a essa busca, fujo do Reino do Nunca Mais. Conclusão Concluo me identificando numa pluralidade de definições, afirmando a dificuldade de descrição e assustando-me com tanto padrão.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Há momentos em que nada me satisfaz.
Palavras não me seduzem.
Gestos não me atraem.
Sonhos não me bastam.
Momentos em que o silêncio me ensurdece. E o barulho me enlouquece.
E quando olho distante, me vejo correndo na direção de alguém sem face (e fui eu quem lhe arranquei os traços).
E continuo na corrida, a única na qual não me canso.
Eu corro com as lágrimas molhando-me a face, e sem nenhuma gota de suor.
Corro com um sorriso nos lábios e um brilho nos olhos.
Corro com um vento cortante gelando-me as orelhas e a ponta do nariz.
Corro.
Se andar calmamente, as pedras que formam aqueles paralelepípedos se movem na direção oposta, e carregam-me. Mesmo que contra o vento.

Há momentos em que nada me satisfaz.
Ouço a vida lá fora, os sons entrando pelas frestas da porta balcão. Protegida do frio, no meu quarto tudo é silêncio, exceto pelo tic-tac que não cessa. Enquanto por dentro de tudo: borbulhos.

A verdade é que há momentos em que nada me satisfaz.