sábado, 9 de abril de 2011

VIII

Passamos um tempo sem conversar, ao menos sem aquelas conversas profundas e longas. Julia parecia não ter tempo para elas, ou evitá-las, não sei ao certo. Mas eu aguardei. E hoje ela resolveu sentar-se comigo.
E falou-me.
Julia agora vê sua vida diferente. Ela a sente diferente.
Suas responsabilidades mudaram e aumentaram. Para muitos isso é pouco, mas para ela é fato marcante.
Ela tem estudado sobre identidade, e sua constituição. Tem tido acesso a mentes até então desconhecidas. E isso tem feito com que a sua mente amplie. Ela me contou que tem sentido que isso a tem aproximado de sua identidade. Parece que ela está se encontrando. Ou se perdendo, não sabe ao certo.
Depara-se de frente com algo novo mas ao mesmo tempo já tão íntimo dela.
Às vezes quando olha em volta tem a sensação de que não cabe ali, mas por outras percebe que não poderia estar em outro lugar. E em qualquer desses momentos ela tem vontade da vida, do mundo. Quer viajar, continuar conhecendo mentes que vão além do que ela conhece.
Ela está encantada com o amor, mas está tão receosa deste! Sonha com o futuro mas o mesmo tempo o teme. Tem desejos de mudá-lo, e o medo de não saber/conseguir fazê-lo.
Agora ela se sente diferente.
Não que isso seja novidade para Julia. Constantemente ela percebe alterações em si mesma, acontece apenas que umas são mais marcantes do que as outras.
Ultimamente ela tem se sentido mulher. E na maior parte do tempo ela acredita que isso é bom.
Acontece que em outras ela ainda não sabe ao certo...

2 comentários:

Alejandro Vega disse...

Essa "Júlia" tem o apelido de "Bárbara" por acaso?

Psicóloga Tamires Damasio disse...

"Identidade é movimento e movimento é vida" já dizia nosso "amigo" Ciampa!
Também tenho me sentido assim, acho que um pouco menos orgulhosa de mim mesma, mas mudando (sempre!). Também desejo e quero o amor e todas as suas nuances, ao mesmo tempo que temo... Mas acho que isso faz mais sentido (pra mim) pra mim do que quando eu só amava ou só temia. Acredito que hoje eu esteja começando a deslumbrar um pouco mais de realidade no amor (e não só minhas fantasias!). Adorei, Bah, adorei Julia.

P.S.: vc comentou no meu blog sobre o perdão e a confiança. Eu acho que não são a mesma coisa, embora possam ser. Tudo depende. A segunda chance (o perdão) é o primeiro passo que vc dá na direção de quem sabe confiar na pessoa novamente, pq confiar leva tempo... Tem gente que exclui a pessoa de sua vida, eu não excluo, mas já não vejo como antes (dependendo do que me fez). Acho que isso é saudavel... MAS É TUDO COMPLICADO, rs